MIX LITERÁRIO

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Em ano de pandemia e crise política, o Mix Literário entra em sua terceira edição, como parte da programação do 28º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, adaptando-se a essa nova conjuntura de isolamento social e resistindo ao desmonte cultural brasileiro marcado por uma política LGBTQIAfóbica, propondo encontros e pautas criativas que ligam cada vez mais os interesses de nossa comunidade a uma arte literária comprometida com as complexidades de um mundo em rápida reconfiguração.

Nosso roteiro apresenta questões como saúde mental na literatura brasileira, francesa e norte-americana de matriz queer, representações do erro e do fracasso como contranarrativas, a emergência da literatura transmasculina, o não binarismo como perspectiva estética e existencial, assim como o florescer de uma poética transmidiática, fortalecida no hibridismo entre diferentes plataformas artísticas como música, teatro, performance e tecnologias informacionais. Destaca também trajetórias como as de Audre Lorde e Djuna Barnes, aqui representadas por suas maiores estudiosas e tradutoras. Trazemos também questões específicas da comunidade negra, presentes em quase todos os encontros, como uma das bases fundamentais das conversas deste ano.

O Prêmio Mix Literário, uma de nossas ações mais importantes, destinado a obras já publicadas ao longo do último ano, continuará a unir autoras e autores publicados no Brasil, e, nessa segunda edição, também recebe autoras e autores de outros países de língua portuguesa, os quais poderão receber o célebre Coelho de Prata do Festival. Também apresentamos o primeiro Prêmio Caio Fernando Abreu de Literatura, em parceria com a prestigiada Editora Reformatório, que publicará um original inédito relacionado à temática queer.

E, finalmente, uma menção especial a Natalia Borges Polesso, que, por seu mapeamento incansável de mulheres na literatura, colaborou gentilmente para esta curadoria. Também foram importantes as inúmeras conversas com o mestre poeta visionário Marcelo Ariel, de erudição absurda e antena infalível. Não podemos deixar de citar todo o apoio da Biblioteca Mário de Andrade, mais uma vez sensível a nossas necessidades. Também destacamos a generosa colaboração de Leonardo Tonus, por dar as mãos de seu Printemps Littéraire ao Mix Literário, na certeza de que os artistas brasileiros podem se fortalecer numa rede internacional.

Resistir é fortalecer laços.

Foto: Ana Catarina

MESAS

  • Duração: 90′
  • Classificação indicativa/Rating: 14 anos
  • 🤟= libras

Lançamento e debate sobre o livro “Vulgar”, de André Medeiros Martins

12-NOV | QUINTA-FEIRA » 17h00 @ Youtube MixBrasil 🤟 (90′)

Participante: André Medeiros
Mediação: Alexandre Rabelo

“Vulgar” é um livro-encontro entre as imagens de 190 pessoas retratadas para um projeto de nu e/ou sexo explícito, e textos escritos por 45 pessoas sobre: fetichização, abjeção, pornografia, erro, interdição e cancelamento. Você sabia que a pupila, assim como o cu, é um esfíncter, mas de controle involuntário? O olho, através da regulação da largura do seu buraco, ajusta a quantidade de luz que invade seu interior oco e, assim, cria imagens. Esse livro pretende unir a escopofilia – processo de erotização do olhar – com a produção de literatura por meio de contradisciplinas sexuais.


Transmasculinidades em pauta e livro

12-NOV | QUINTA-FEIRA » 17h00 @ Youtube MixBrasil 🤟 (90′)

Participantes: Luiz Fernando Prado Uchôa, Jordhan Lessa
Mediação: Alexandre Willer

Nesse encontro, dois autores com livros recém-publicados debatem a produção editorial transmasculina contemporânea. Luiz Fernando Prado Uchôa é jornalista, coordenador do núcleo de transmasculinidades da Família Stronger e autor de “Simplesmente Homem: relatos sobre a experiência cotidiana de homens trans”; Jordhan Lessa é guarda municipal, ganhador de diversos prêmios por seu trabalho na área de direitos civis, autor de “Eu Trans: a alça da bolsa, relatos de um transexual”.


Distopias queer brasileiras, desviantes no fim do mundo

13-NOV | SEXTA-FEIRA » 17h00 @ Youtube MixBrasil 🤟 (90′)

Participantes: Luisa Geisler, Wallace Ramos
Mediação: Alexandre Willer

Uma doença fatal assola o Brasil e o transforma em uma terra pós-apocalíptica: sem governo, sem leis e sem esperanças. Os sobreviventes tentam cruzar o país em busca de um porto seguro. Este é o enredo de “Corpos secos”, distopia que Natalia Borges Polesso e Samir Machado assinam com Luisa Geisler, autora de Canoas, Rio Grande do Sul, duas vezes ganhadora do Prêmio Sesc e finalista do Jabuti.

Wallace Ramos, carioca da comunidade da Maré, é artista e pesquisador pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e pela Casa de Rui Barbosa. Em sua estreia literária, “Frontispício”, seus protagonistas partem rumo aos confins celestiais de um território lendário, ao mesmo tempo estranho e familiar, dando início a uma travessia labiríntica e metalinguística em busca de nome e identidade numa terra selvagem.

Essas e outras narrativas clássicas serão evocadas neste papo sobre as representações do caos social por meio de distopias ou relatos apocalípticos.


Dissidências queer na literatura francesa e a liberalização dos costumes

13-NOV | SEXTA-FEIRA » 17h00 @ Youtube MixBrasil  🤟 (90′)

Participantes: Ricardo Lísias, Marcelo Ariel, Maurício Salles Vasconcelos
Mediação: Alexandre Rabelo

Mesmo antes de Rimbaud, Verlaine e a poesia moderna, a cultura literária francesa sempre foi exemplo de liberalidade dos costumes, principalmente com relação à sexualidade. Sade, Proust, Jean Genet, Jean Cocteau e autores contemporâneos como Édouard Louis, Abdellah Taïa, Julie Maroh, Hervé Guibert são exemplos fortes de uma literatura queer com olhar cirúrgico sobre os costumes ocidentais. Nessa conversa estarão reunidos o poeta Marcelo Ariel, o escritor Ricardo Lísias e o poeta e pesquisador Maurício Salles Vasconcelos, professor da Universidade de São Paulo (USP).


Narrativas antiajuda: saúde mental na literatura queer

14-NOV | SÁBADO » 17h00 @ Youtube MixBrasil  🤟 (90′)

Participantes: Francisco Mallmann, Mike Sullivan, Natalia Borges Polesso
Mediação: Maya Falks

Neste ano de pandemia, e nos últimos movimentos do desmonte cultural brasileiro, várias autoras e autores têm dado respostas literárias desviantes para as travessias individuais e subjetivas, sobretudo no que diz respeito à questão da saúde mental. Debateremos a produção literária queer interessada na depressão, bipolaridade, uso de substâncias, terapia e outros eixos emergentes.


Djuna Barnes para além das divisões binárias

15-NOV | DOMINGO » 17h00 @ Youtube MixBrasil  🤟 (90′)

Participante: beatriz rgb
Mediação: Alexandre Rabelo

Escritore, pesquisadore e tradutore das obras dessa poeta icônica norte-americana, Beatriz tem se dedicado ao modo como Djuna Barnes trabalhava com ritmos consagrados na poesia, mas com frequência recorrendo às infrações, sendo este o seu método de intervenção. Demonstra, assim, que seu estilo irônico, até de pastiche, apresentava a degradação das mulheres lésbicas, principalmente, dentro do contexto de falsa emancipação de sua época. Sua relação com o cânone literário e estilo de vida tem colocado Barnes no centro das discussões sobre perspectivas não-bináries.


Audre Lorde no Brasil

17-NOV | TERÇA-FEIRA » 17h00 @ Youtube MixBrasil  🤟 (90′)

Participantes: Tatiana Nascimento, Cidinha da Silva
Mediação: Alexandre Rabelo

Nos últimos anos, o meio editorial brasileiro tem visto a emergência de estudos e traduções sobre a grande Audre Lorde, escritora caribenha-americana, feminista, mulherista, lésbica e ativista dos direitos civis. Sua relação com esses temas e também com as religiões de matriz africana, como forma de resistência na constituição de novas narrativas, também está no centro da poética e pesquisa de duas autoras brasileiras marcantes, Tatiana Nascimento e Cidinha da Silva, reunidas aqui para esse debate importante sobre as intersecções possíveis entre a literatura norte-americana e a nossa.


Olhares queer nordestinos

18-NOV | QUARTA-FEIRA » 17h00 @ Youtube MixBrasil  🤟 (90′)

Participantes: Itamar Vieira Junior, Marco Severo
Mediação: Alexandre Rabelo

Se é verdade que acompanhamos a insurgência de uma nova e fértil fase das literaturas de matriz nordestina, também vemos entre muitos autores de destaque nessa tendência a presença de um olhar queer, seja na representação de personagens LGBTQIA+ em travessias nordestinas, seja nos derramamentos ou silenciamentos subjetivos de pessoas marcadas pelo patriarcado de terras, feiras livres, veredas incertas ou pelas novas experiências relacionadas aos problemas do modo de vida urbano, crescentes nas últimas décadas. Para esta conversa, contaremos com a presença de autores significativos e notáveis nesse percurso.


A emergência de publicações da teoria queer

19-NOV | QUINTA-FEIRA » 17h00 @ Youtube MixBrasil  🤟 (90′)

Participante: Helena Vieira
Mediação: Paulo Salvetti

Nos últimos anos, as livrarias brasileiras têm recebido muitas publicações teóricas, no campo das ciências humanas e pensamento crítico, a respeito da comunidade LGBTQIA+. De clássicos do hemisfério norte como Butler ou Preciado até novas publicações de pensadores queer decoloniais, é visível um interesse crescente de leitoras e leitoras em torno dessa produção. Para nos dar um panorama deste segmento, contaremos com a pesquisadora Helena Vieira, reconhecida por seus cursos sobre teoria queer ou cuir.


Poesia queer transmidiática

20-NOV | SEXTA-FEIRA » 17h00 @ Youtube MixBrasil  🤟 (90′)

Participantes: Bobby Baq, Arthur Moura Campos
Mediação: Alexandre Rabelo

Quando a poesia transpassa a mídia livro e alcança novas plataformas, provocando encontros com outras artes. A força dessa poética transmidiática está na base dos experimentos com colagem e poesia realizados por Bobby Baq, ou nas transposições entre a linearidade do papel impresso e a multiplicidade poética que poderia surgir na intervenção performática com tecnologias informacionais, como sugerido pelo trabalho de Arthur Moura Campos. Nesse encontro, essas vozes transpoéticas falam de seus encontros e descobertas nessa arte híbrida, tão conectada aos novos tempos.


Printemps Littéraire: Refugiados e o livro como resistência

21-NOV | SÁBADO » 17h00 @ Youtube MixBrasil  🤟 (90′)

Participante: Leonardo Tonus
Mediação: Alexandre Rabelo

Uma das questões mais emergentes na pesquisa e militância literária do poeta, professor e agitador cultural Leonardo Tonus tem sido a publicação de narrativas de escritores LGBTQIA+ na condição de refugiados. Esse encontro importante marca uma feliz colaboração entre o evento dirigido por Tonus, o Printemps Littéraire, maior programação de divulgação da literatura brasileira no exterior, e o Mix Literário, sensível à demanda de nossa comunidade em acolher e digerir os principais eixos sobre literatura queer fora do Brasil. Com sua notória sensibilidade para abordar essa conjunção de enfrentamentos, Leonardo nos apresentará obras de autores importantes.

Saiba mais sobre os prêmios neste link.

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